Vamos la a filosofar people xD.
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sábado, 23 de janeiro de 2010

Lições nº 61 e 62

(Resumo - Origem das ideias)


1.1.
Logicamente existe uma diferença considerável entre as percepções da mente.
Estas podem copiar as percepções dos sentidos, mas nunca atingem inteiramente a força e vivacidade do sentimento original. O máximo que delas afirmamos é que representam o seu objecto de uma maneira tão viva que poderíamos quase dizer que o sentimos, a não ser que a mente esteja desarranjada, elas nunca podem chegar a tal nível de vivacidade que tornem totalmente indistinguíveis as percepções.
É notável a distinção similar que predomina em todas as outras percepções da mente.
Numa reflexão acerca dos nossos sentimentos e estados de ânimos passados, percebemos que o nosso pensamento é um espelho fiel, repetindo cada objecto com verdade. Porém, as cores do mesmo são baças, comparadas com as que revestiam as nossas percepções originais

1.2.
Estas dividem-se em duas classes: As menos intensas e vivas, conhecidas por PENSAMENTOS ou IDEIAS.
As restantes denominam-se de IMPRESSÕES, palavra empregada num sentido curiosamente diverso do habitual.
As impressões em si são mais intensas que as ideias, das quais somos conscientes ao reflectirmos

1.3.
Nada parece tão livre quanto o pensamento do Homem. Enquanto o corpo confina-se a um planeta, o pensamento transporta-nos para qualquer lugar, dentro ou fora do universo.
O que nunca foi visto ou ouvido pode ser concebido no pensamento, e nada existe além do seu poder. Embora ele pareça possuir uma liberdade infinita, vê-se que se encontra realmente confinado a frágeis limites.
Em suma, todos os materiais do pensamento derivam da sensibilidade: a mistura e composição deste pertencem apenas à mente e à vontade. Cada ideia nossa, cada percepção fraca, não passa de uma cópia das nossas impressões mais intensas.

1.4.
Os argumentos que se seguem provam isto. Primeiro, ao analisar os nossos pensamentos, descobrimos que se resolvem em ideias tão simples como cópias de uma sensação ou sentimento precedente, até mesmo as ideias que parecem afastadas dessa origem, à primeira vista, descobre-se que são delas derivadas. Como a ideia de Deus, significando um ser infinitamente sábio e bom; é tudo fruto da reflexão da nossa mente, que eleva essas qualidades de sabedoria e bondade.
Aqueles que afirmam que esta posição não é universalmente verdadeira e sem excepções, possuem apenas um fácil método para a refutar, apresentando essa ideia que julgam não derivar da mesma fonte


1.5.
Segundo argumento: se um homem não for susceptível de nenhuma sensação, veremos que ele é também pouco susceptível das ideias correspondentes às sensações.
Embora não existam muitos exemplos de uma semelhante deficiência mental, sabemos que a mesma observação ocorre num grau menos. Admite-se que outros seres possuam muitos sentidos dos quais nem desconfiamos, pois nunca nos foram introduzidas as suas ideias, nem com a sensibilidade, nem com a sensação efectiva.

1.6.
Porém, existe um fenómeno contraditório que prova que não é impossível é surgirem ideias independentes das impressões correspondentes. Pode-se acreditar que as distintas ideias de cor são de facto diferentes umas das outras mas com semelhanças em simultâneo.
Se isto se aplica às cores, também está correcto acerca das diferentes matizes da mesma cor, e cada uma produz uma ideia distinta, independentemente do resto. Pois se isto for negável, é impossível deslocar uma cor para a que está mais remota dela; e se não se permitir ser diferente, também não se pode recusar aos extremos serem os mesmos.


1.7.
Todas as ideias, em especial as abstractas, são naturalmente vagas e obscuras; a mente tem delas apenas um escasso domínio. E são propensas a confundir-se com outras ideias semelhantes: e quando utilizámos muitas vezes algum termo, embora sem um significado distinto, temos a inclinação para imaginar que possui uma ideia determinada a ele anexa. Pelo contrário, todas as impressões, isto é, todas as sensações, quer externas ou internas, são fortes e vivas; os limites entre elas estão mais exactamente determinados, e nem é fácil cair em erro ou engano em relação a elas. Mediante esta tão clara elucidação das ideias, podemos justamente esperar remover toda a disputa que possa surgir acerca da sua natureza e realidade.

~~> Yolanda e Érica < ~~

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